Adorei. Adorei ainda mais que falámos sobre o mesmo, mas cada uma no seu estilo e da sua maneira haha
Concordo com o que disseste da Joana Marques, não a acompanho por ser humorista, mas pelos tesourinhos deprimentes que ela apresenta.
Quanto ao Salvador, não acompanho muito, mas vi uns episódio do Ar Livre e pareceu um gajo que pensa e é evoluído, por isso é que fiquei tão chocada. De qualquer das formas, acho que ele, enquanto humorista, seria fraquinho.
Gostei da tua observação de se levarem muito a sério, realmente, é verdade. O que é engraçado porque o humor é saberes rir-te de ti próprio também, mas em vez disso, eles ficam super ressabiados e mandam punch de volta completamente desrespeitadores e fracos.
Obrigada, bestie! Acredito genuinamente que o Salvador estava muito picado pelos episódios que visavam a irmã e seguiu o caminho fácil das "piadas" deselegantes. Como diz o Afonso aqui nos comentários, o comediante só é tão bom quando o seu público. Quando ele abre o bit com um "já não posso com a Joana Marques" e tem uma sala a reagir em peso, deve ter sido como abrir as comportas da barragem.
Posto isto, neste momento esta malta do standup está com a vibe e o estatuto de "rockstar", na medida em que são acompanhados pelos seus públicos e as pessoas literalmente ouvem o que têm a dizer. Como disse a Capicua no Ar Livre, se eles é que definem o que é cool, está na hora de terem mais consciência sobre os discursos que propagam. Chateia-me muito que, mais do que ressabiados, eles se cinjam à ideia de que a arte deles não se deve criticar e que as piadas não se podem contestar. Acho infantil e... poucochinho. Do better.
Não sou uma ouviente fiel do ED, mas volta e meia lembro-me de ir lá espreitar um episódio. E acho que o que tu disseste é bastante pertinente: não é sobre ela ter piada, porque os comentários dela acabam por ser um bocado aquilo que nós pensamos mas não verbalizamos; a parte boa do programa é precisamente a exposição dos cromos da semana e o acesso a coisas absurdas que nos passariam ao lado. O Batáguas faz um trabalho parecido todos os meses, mas com um bocadinho (ok, um bocadão) de mais piada.
"Por que é que, em vez de se focarem em fazer melhores piadas, se resignam a ficar chateados porque alguém não gostou da piada que não teve assim tanta graça? Qual é a panca de querer defender com unhas e dentes o direito de se fazer piadas racistas, machistas, homofóbicas?"
Honestamente? Porque eu acho que eles têm perfeita noção que não conseguem fazer melhor do que isso, e porque o público-alvo deles são as pessoas que acham que isso é engraçado. Simples.
"Existe uma razão pela qual um humorista que faz piadas racistas consegue ter sucesso: porque a maioria da população é racista não é politizada o suficiente para perceber as implicações sociais de se continuar a propagar estereótipos racistas. “
Olha pronto, comentei cedo demais xD
"E é assim que temos tantos humoristas medíocres a deslumbrar um público igualmente medíocre, num círculo vicioso com duas partes que se alimentam mutuamente."
👏👏👏👏👏
Posto isto tudo, o que achas do Guilherme Duarte e do Batáguas?
Sim, o conteúdo do Batáguas é espectacular, arrisco-me a dizer que é tudo o que o Programa do RAP poderia ser e não é (se calhar não poderia, porque ser no youtube traz uma grande liberdade que a tv não permite). Portanto, o Batáguas eu gosto muito, inclusive já o fui ver ao vivo. O Guilherme Duarte vi-o uma vez e achei fraco, além de não simpatizar com ele pelo que me aparecia nas redes sociais. Demasiado ""humor 9gag"" para mim.
Puseste me a pensar o quanto o stand-up é uma arte dialética - os sets vão sendo construído ao longo de vários espectáculos em que o comediante corta e aprimora certas piadas com base nas reações do público. É uma maneira muito responsiva de fazer arte. E, nesse sentido, o comediante só é tão bom quanto o seu público. Só acho que é que a reação das pessoas não têm a ver com "capital cultural". Seres culto, ou não, não se traduz em seres melhor pessoa. Para mim, a rejeição (que no caso do humor deve ser intelectual e, necessariamente, emocional) de certas piadas tem a mais ver com um impulso ético partilhado com outras pessoas.
Sim, se fores ver a primeira data de um standup e depois fores à última, é possível que encontres um espectáculo muito diferente. Não quis implicar que ser culto = ser melhor pessoa, de todo. Era mais o que dizes na última frase do impulso ético. Talvez a minha definição de capital cultural inclua igualmente uma certa consciência política e daí ter usado antes esta expressão (isso e porque o Luís a usou numa troca de mensagens e ficou-me na cabeça porque achei graça) para o meu argumento. Em suma, o que quis dizer é que é fácil a maioria da população gostar de um humorista fracote se não tiver referências de outros comediantes que são melhores. É um bocadinho como gostar de sushi do buffet manhoso porque nunca provaste outro.
Adorei. Adorei ainda mais que falámos sobre o mesmo, mas cada uma no seu estilo e da sua maneira haha
Concordo com o que disseste da Joana Marques, não a acompanho por ser humorista, mas pelos tesourinhos deprimentes que ela apresenta.
Quanto ao Salvador, não acompanho muito, mas vi uns episódio do Ar Livre e pareceu um gajo que pensa e é evoluído, por isso é que fiquei tão chocada. De qualquer das formas, acho que ele, enquanto humorista, seria fraquinho.
Gostei da tua observação de se levarem muito a sério, realmente, é verdade. O que é engraçado porque o humor é saberes rir-te de ti próprio também, mas em vez disso, eles ficam super ressabiados e mandam punch de volta completamente desrespeitadores e fracos.
Obrigada, bestie! Acredito genuinamente que o Salvador estava muito picado pelos episódios que visavam a irmã e seguiu o caminho fácil das "piadas" deselegantes. Como diz o Afonso aqui nos comentários, o comediante só é tão bom quando o seu público. Quando ele abre o bit com um "já não posso com a Joana Marques" e tem uma sala a reagir em peso, deve ter sido como abrir as comportas da barragem.
Posto isto, neste momento esta malta do standup está com a vibe e o estatuto de "rockstar", na medida em que são acompanhados pelos seus públicos e as pessoas literalmente ouvem o que têm a dizer. Como disse a Capicua no Ar Livre, se eles é que definem o que é cool, está na hora de terem mais consciência sobre os discursos que propagam. Chateia-me muito que, mais do que ressabiados, eles se cinjam à ideia de que a arte deles não se deve criticar e que as piadas não se podem contestar. Acho infantil e... poucochinho. Do better.
Não sou uma ouviente fiel do ED, mas volta e meia lembro-me de ir lá espreitar um episódio. E acho que o que tu disseste é bastante pertinente: não é sobre ela ter piada, porque os comentários dela acabam por ser um bocado aquilo que nós pensamos mas não verbalizamos; a parte boa do programa é precisamente a exposição dos cromos da semana e o acesso a coisas absurdas que nos passariam ao lado. O Batáguas faz um trabalho parecido todos os meses, mas com um bocadinho (ok, um bocadão) de mais piada.
"Por que é que, em vez de se focarem em fazer melhores piadas, se resignam a ficar chateados porque alguém não gostou da piada que não teve assim tanta graça? Qual é a panca de querer defender com unhas e dentes o direito de se fazer piadas racistas, machistas, homofóbicas?"
Honestamente? Porque eu acho que eles têm perfeita noção que não conseguem fazer melhor do que isso, e porque o público-alvo deles são as pessoas que acham que isso é engraçado. Simples.
"Existe uma razão pela qual um humorista que faz piadas racistas consegue ter sucesso: porque a maioria da população é racista não é politizada o suficiente para perceber as implicações sociais de se continuar a propagar estereótipos racistas. “
Olha pronto, comentei cedo demais xD
"E é assim que temos tantos humoristas medíocres a deslumbrar um público igualmente medíocre, num círculo vicioso com duas partes que se alimentam mutuamente."
👏👏👏👏👏
Posto isto tudo, o que achas do Guilherme Duarte e do Batáguas?
Sim, o conteúdo do Batáguas é espectacular, arrisco-me a dizer que é tudo o que o Programa do RAP poderia ser e não é (se calhar não poderia, porque ser no youtube traz uma grande liberdade que a tv não permite). Portanto, o Batáguas eu gosto muito, inclusive já o fui ver ao vivo. O Guilherme Duarte vi-o uma vez e achei fraco, além de não simpatizar com ele pelo que me aparecia nas redes sociais. Demasiado ""humor 9gag"" para mim.
Puseste me a pensar o quanto o stand-up é uma arte dialética - os sets vão sendo construído ao longo de vários espectáculos em que o comediante corta e aprimora certas piadas com base nas reações do público. É uma maneira muito responsiva de fazer arte. E, nesse sentido, o comediante só é tão bom quanto o seu público. Só acho que é que a reação das pessoas não têm a ver com "capital cultural". Seres culto, ou não, não se traduz em seres melhor pessoa. Para mim, a rejeição (que no caso do humor deve ser intelectual e, necessariamente, emocional) de certas piadas tem a mais ver com um impulso ético partilhado com outras pessoas.
Sim, se fores ver a primeira data de um standup e depois fores à última, é possível que encontres um espectáculo muito diferente. Não quis implicar que ser culto = ser melhor pessoa, de todo. Era mais o que dizes na última frase do impulso ético. Talvez a minha definição de capital cultural inclua igualmente uma certa consciência política e daí ter usado antes esta expressão (isso e porque o Luís a usou numa troca de mensagens e ficou-me na cabeça porque achei graça) para o meu argumento. Em suma, o que quis dizer é que é fácil a maioria da população gostar de um humorista fracote se não tiver referências de outros comediantes que são melhores. É um bocadinho como gostar de sushi do buffet manhoso porque nunca provaste outro.
Adoro