Foi ao 22º segundo episódio de watch.tm que Pedro Teixeira da Mota convidou a Bárbara Bandeira, a terceira convidada mulher do programa. A Bárbara, de forma provocadora, que muito me aconchegou o coração, confesso, atira esse facto à cara do amigo PTM: “tu não trazes muitas mulheres aqui, não é”.
E é verdade, mais ou menos, já que em quase trinta episódios (escrevo este texto a um sábado, e não sei quem será o convidado de amanhã), Teixeira da Mota apenas teve três mulheres à conversa consigo: a Maro (que foi sua colega de escola, no liceu), a Joana Marques (colega de profissão) e a Bárbara Bandeira (popstar incontornável da actualidade, porém, neste contexto em específico, namorada de Richie Campbell, amigo do PTM).
Já tinha reparado e também me chateia. No entanto, dei por mim a pensar: o PTM não convida mulheres porquê? E cheguei à conclusão de que poderá ser um problema de bolha: o humor é um meio masculino; “homens não são fãs de mulheres”; machismo estrutural, etc. e troca o passo. Ok, pode ser uma hipótese. Achei uma hipótese básica. Decidi pensar um pouco mais além e perguntei-me: ok, então e que mulheres é que há para o Pedrito convidar?
Foi com alguma tristeza e preocupação que dei por mim a ter dificuldade em saber que mulheres é que eu teria curiosidade em ver ali. Não quero ser mal interpretada: há muitas mulheres interessantes, engraçadas e carismáticas em Portugal, e todas têm boas plataformas e mediatismo associado. Mas não as encaixo no universo watch.tm. Estou a falar de, por exemplo, uma Ana Garcia Martins, a Filipa Gomes, a Beatriz Gosta - curiosamente, três convidadas do Fuso, da Bumba na Fofinha. Estão a perceber o que quero dizer?
Na minha faixa etária, que entendo como sendo também o público do PTM, que mulheres há? Gostava de lançar esta reflexão. Mais do que um problema do Teixeira da Mota em particular, um problema social em geral: porque é que os homens têm a hipótese de saltar para o mediatismo como músicos, desportistas, comediantes, e as mulheres da minha geração ficaram na carreira de influencer? Apresentadora de televisão, youtuber de lifestyle, instagramer.
E agora não me venham acusar de machismo internalizado, por amor de Deus. Quero PENSAR nesta questão: parece que só temos direito a espaço - espaço a sério, não de nicho - se nos posicionarmos como um produto para ser visto e consumido. Uma mulher só tem fãs se for para mostrar cabelos, maquilhagem, os recebidos? Onde está a glorificação para outras ocupações, a glorificação que os homens também recebem?
Envolvida nesta questão, decidi perguntar no Twitter por nomes de mulheres que considerassem “fixes”, talentosas, carismáticas, etc. Surgiram alguns nomes, a Luana do Bem apareceu duas vezes e outros que também já tinha pensado, outros que não escolheria. Aqui vai a lista com os nomes, incluindo os que não escolheria (não vou dizer quais, para deixar no ar o mistério), e outros em que fui pensando. Nunca se sabe se o Pedrito pode chegar aqui ao texto e achar interessante alguma das sugestões.
Kika Nazareth
Luana do Bem
Filomena Cautela
Tânia Graça
Leonor Caldeira
Joana Ribeiro
Jéssica Silva
Cláudia Pascoal
Quem mais? Onde andam as mulheres? Onde estamos?
entretanto já foram mais umas quantas mas deixo outras sugestões: Carmen Garcia, Susana Moreira Marques, Catarina Furtado, Leonor Teles, Rita Blanco, Beatriz Batarda,