Durante praticamente quase toda a minha vida, eu sofria de uma ansiedade irracional em misturar os meus grupos de amigos. Na minha cabeça, tudo estava bem compartimentado: tinha os amigos da turma e depois tinha os amigos de fora da escola. Depois, os amigos da faculdade; os amigos do trabalho; os amigos de fora do trabalho; os que conheci na net; os que adoptei como meus após terem-me sido apresentados por outros, e por aí. Por alguma razão, em diferentes fases do meu crescimento, quando se dava uma ocasião para as pessoas se juntarem, a coisa não corria bem. Sentia-me constrangida, como se eu fosse uma pessoa diferente para cada amigo, a ponto de os meus amigos nem reconhecerem nada de comum entre si, nem mesmo a pessoa que supostamente era o elo de ligação entre todos. Também sabia perfeitamente que amigos não simpatizavam com outros.
Até que, com a filtragem natural da vida, algumas amizades foram ficando pelo caminho, outras evoluíram, e eu própria me fui firmando como pessoa, nos meus gostos, na minha personalidade e valores. Portanto, os meus amigos, embora diferentes entre si, estão alinhados com quem eu sou. É por isso que, agora, a ideia de organizar um jantar de aniversário não me causa um nervoso miudinho por pensar se Fulano vai ficar de trombas com a presença de Sicrano. Os meus amigos conhecem-se uns aos outros; ficam em amena cavaqueira sobre os mais variados temas à mesa e até se seguem mutuamente nas redes sociais. Isto dá-me uma alegria imensa, a sério!
Ainda assim, não estava à espera que, no jantar do meu 30.º aniversário, eu voltasse do WC do restaurante para uma prenda surpresa dada por todos. Todos mesmo: incluindo os amigos que vivem longe e, por isso, não estavam presentes. Juntaram-se, organizaram-se e ofereceram-me um Kobo! Penso que dentro deste género de surpresas, foi a primeira vez que me aconteceu e senti-me mesmo muito acarinhada pelos meus amigos. 🥹🫶
Esta introdução gigante toda para dizer que, desde Março, sou a feliz proprietária de um Kobo! Confesso que sempre tive curiosidade em relação aos e-readers, principalmente depois de perceber que têm aquela tecnologia própria para ser confortável de ler. Quando saíram os primeiros Kindle, o conceito fazia-me um bocado de confusão, pois pensava que era semelhante a olhar para um tablet comum, e depois percebi que não. Ainda assim, por forretice, fui adiando e adiando a aventura de comprar um e-reader. Até que os meus queridos amigos acabaram com esta minha tortura auto-infligida.
Para ver se gostava de ler no Kobo, comecei por guardar uns artigos no Pocket (RIP!) (a sério, tinham mesmo de acabar com o Pocket semanas depois de eu ter o Kobo?) para experimentar. Gostei. Depois, inscrevi-me na BiblioLED e requisitei um ebook por lá, escolhi até algo com poucas páginas para ver se me adaptava. E adaptei! A princípio, foi-me estranho o sistema de mudar de páginas porque, sendo um dispositivo electrónico, era-me mais natural a ideia de scrollar em vez de clicar para a frente e para trás. Mas não custou até me habituar.
Depois, chegou-me ao meu conhecimento uma biblioteca alternativa onde podemos requisitar ebooks praticamente ilimitados e foi a alavancagem que precisava para ficar vidrada no Kobo. Finalmente consegui ler o Bunny, que andava na minha lista há um ano. Fora outros títulos que tinha curiosidade mas não queria o compromisso de gastar dinheiro com medo de não gostar do livro.
Estou muito contente porque assim percebi que adoro o Kobo: é leve e pequeno, dando-me muito mais vontade de o levar comigo quando sei que vou ter de passar algum tempo em transportes e/ou em esperas variadas; dá um jeito do caraças para levar em viagem porque é apenas um dispositivo e os livros estão todos lá dentro; uma maravilha para ler na praia, já não tenho problemas das páginas estarem sempre a voar com o vento; a luz dá jeito para ler à noite, apesar de eu até ter um candeeiro específico de leitura, além do meu da mesa de cabeceira; a bateria dura SEMANAS!
Por momentos até receei ter perdido o interesse pelos livros físicos, mas caaaaalma. Gosto do Kobo, gosto da biblioteca alternativa para poder ler aqueles livros mais da moda ou que não faço questão de ter em exemplar físico, mas não substitui o objecto-livro. Por exemplo, acho-o um pouco lento e com a sensibilidade do touch muito arcaica para se sublinhar e guardar citações/trechos. Além disso, não é intuitiva a forma de se aceder aos nossos sublinhados e notas. Nesse aspecto, sublinhar com lápis e escrever nas margens é imbatível. Da mesma forma que não me cabe na cabeça ter apenas um PDF premium de autores que adoro ou daqueles livros mesmo bons (alerta elitismo literário snob), preciso de os ver expostos na minha estante.
À parte disso, para aqueles livros que ficam por aí virais mas que levam 19 meses até estarem à venda em Portugal, ou que é uma carga de trabalhos para encomendar (RIP bookdepository); ou autores novos que ainda estamos a descobrir - o Kobo (e a biblioteca alternativa) safa-me lindamente!
Portanto, faço um balanço muito positivo da entrada do Kobo na minha vida. Neste momento, após uns dois meses só de leituras Kobianas, peguei num dos livros que comprei na Feira do Livro e a princípio até estranhei, principalmente pelo tamanho da letra que já não podia alterar a meu bel-prazer.
Não vos sei dizer se o Kobo me está a fazer ler mais, mas pelo menos está a trazer-me a liberdade de poder diversificar as minhas leituras, até porque posso começar um livro e dar uma pausa sem que isso se traduza numa pilha assustadora na minha mesa de cabeceira. No entanto, de um modo geral, este ano tenho estado com um bom ritmo de leitura. Segundo o Goodreads, este ano já li 13 livros, ou seja estou três livros adiantada no meu desafio para 2025.
Destes livros todos, do Limpa até ao Nine Perfect Strangers, foram tudo leituras no Kobo. Fora que comecei O Perigo de Estar Lúcida (mas dei uma pausa) e vou lendo aqui e ali o clássico da literatura erótica Emmanuelle, tudo em ebook.
Definitivamente, estou muito agradada com esta bela surpresa dos meus amigos. Obrigada a todos, mais uma vez. 💕
Kobo é vida!!! Costumo dizer que o meu Kobo foi o melhor investimento que eu fiz quando estava desempregada xD porque foi mesmo!! Especialmente porque o comprei numa altura em que tinha poucos livros físicos e estava sempre com o bichinho de ir comprar mais. Então enquanto andava entretida com os ebooks, não me incomodava a "falta" de livros.
Muito, muito feliz que o Kobo tenha sido uma boa prenda! Continuação de boas leituras. <3