Um bocadinho à semelhança do que me aconteceu com a leitura, também nunca me vi como uma pessoa que gosta de videojogos porque eu não correspondia àquilo que, na minha cabeça, era um gamer. Eu não tinha particular interesse em jogo nenhum ou, pelo menos, naqueles que uma pessoa associa a quem gosta de videojogos: FIFA, GTA, Call of Duty, sei lá eu. Tudo jogos de Playstation1, agora que vejo, e eu nunca tive Playstation - nem nunca quis!
A única consola que quis ter foi a NintendoDS, na altura em que o NintenDogs estava na berra. Tive e adorei! Principalmente porque, a dada altura, saiu um “jogo” que, no fundo, era uma espécie de Diário digital e eu sempre fui a menina dos cadernos.
Lembro-me de jogar ao Sims 1 horas a fio. Joguei também ao Harry Potter e a Pedra Filosofal (para PC) e acabei o jogo, cheguei mesmo ao fim. Ainda assim, nunca me considerei gamer. Porquê?
Na pandemia, graças a um misto de curiosidade com vontade de poder conviver um bocadinho mais com os meus amigos, fiz download do League of Legends. Diverti-me mais com o convívio do que com o jogo. O LoL é difícil, zero begginer friendly e a comunidade é muito tóxica. Adorava a minha boneca giraça mas não foi o suficiente para eu continuar a insistir.
Nesta altura, tinha perto de mim uma pessoa que jogava World of Warcraft e, pelo que via acontecer, aquele jogo parecia mais a minha cena. Aliado a todas as outras coisas que eu já gostei de jogar, desde o Sims, ao Simpsons Tapped Out, passando por todos os joguinhos online de café/hotel/decor/agricultura, percebi que queria experimentar um jogo nessa onda para ver se gostava.
Os meus critérios eram estes: tinha de ser grátis, com uma vibe cozy, begginer-friendly, algo meio open world e onde eu tivesse quests para fazer mas ao meu ritmo. E encontrei! Num vídeo de YouTube de sugestões de jogos cozy, estava lá este que chamou a atenção: Palia!
Inscrevi-me no Steam (!!) e fiz o download do jogo. Em Palia, somos um ser humano que apareceu de forma mágica na vila de Kilima, habitada sobretudo por Majiri - uma espécie de humanóides que fazem lembrar Avatares. Achavam que os humanos estavam extintos até aparecermos nós, e começa assim a nossa jornada pelo jogo. O objectivo, agora, passa por nos integrarmos enquanto membros da comunidade da Kilima Village, através das relações interpessoais que vamos fomentando com os NPCs, ao mesmo tempo que vamos tentando desvendar o mistério da extinção dos humanos.
Comecei o jogo completamente noob. Não estando habituada a estes universos, nem imaginam o tempo que levei até perceber que, para abrir o mapa, bastava carregar na tecla “M” 🤪 entre outras peripécias de pessoa que nunca foi grande gamer. Enfim!
Fui jogando de fim-de-semana em fim-de-semana, cada vez a aprimorar um bocadinho mais as minhas skills. Adorei assistir ao meu progresso enquanto jogadora, à forma como ia tentando e conseguia descobrir o que fazer em cada quest, assim como me trouxe grande satisfação conseguir terminar algumas missões mais complicadas. Devo dizer que até me dá uma ponta de orgulho, tendo em conta que nunca me considerei com muito jeito para videojogos, a forma como tenho evoluído e o que já cresci no raio do jogo.
Além dos quests para descobrir a história principal, em Palia temos um plot de terreno onde podemos construir a nossa casa. Assim, muita da diversão do jogo passa por recolher os mais diversos materiais e transformá-los em tábuas de madeira, tijolos, etc.; construir móveis para decorarmos a casa; ir à pesca e à caça; cozinhar; e simplesmente explorar todo o universo do jogo.
Podemos fazer as missões ao nosso ritmo, a personagem nunca “morre” nem há “vidas” (portanto, nunca vos aparece um desanimador Game Over), não precisam de lutar com ninguém, a vibe é super acolhedora e o design do jogo é absolutamente lindo. E foi assim que fiquei completamente apaixonada pelo universo de Palia.
Deixei-me ter um começo lento para me dar ao gozo de descobrir quase tudo do zero. Depois, ao ir consultando a página do PaliaWiki e também o reddit do jogo, ganhei ainda mais gosto em pertencer a este universo. A comunidade é acolhedora, como se todos estivéssemos ali só para descontrair e passear nas paisagens da vila de Kilima ou em Bahari Bay.
Nestas últimas semanas, tenho andado mais em baixo e, para me distrair, dei por mim a jogar muito mais Palia. Ao menos ali sou habitante de uma vila acolhedora, com fregueses castiços, e tenho a minha própria casa. Sei saltar por montes e vales, serrar árvores e minar pedras. Não tenho de me preocupar com o meu trabalho, o meu futuro, as contas, a ascensão da extrema-direita, o cenário político nacional, ou outra porcaria qualquer. Sou livre para dispor do meu tempo a meu bel-prazer. Isto é muito demente?
É engraçado constatar a forma como apenas por ter feito download de um jogo grátis descobri tanta coisa sobre mim. Descobri que me consigo desenrascar melhor do que imaginava nas missões do jogo, e que é muito gratificante ver o nosso progresso. E descobri, finalmente, o prazer de jogar a algo. Agora percebo aquela coisa do gamer que quer chegar a casa para ir jogar um bocadinho, pois sinto o mesmo. Por fim, a maior lição que retiro desta minha entrada nos videojogos foi esta: eu, na verdade, já era gamer. Mas como ficamos formatados para achar que só determinadas pessoas se podem intitular de certas categorias, deixamo-nos ficar à porta. A bem da verdade, eu sempre gostei de jogar. O que percebi é que gosto mais de um certo tipo de jogos e não gosto de outros. Agora, com esta noção, tenho todo um universo de videojogos para explorar.
Mas uma coisa de cada vez. Estou deslumbrada com Palia e não me devo fartar tão cedo. Agora, se me dão licença, tenho de ir porque preciso de apanhar o raio de uma Black Pearl. Vemo-nos em Kilima2?
Eu sei que, por exemplo, o GTA também é muito popular para PC.
Se tiverem curiosidade e quiserem jogar, inscrevam-se com o meu link para eu ganhar um cabaz com itens de decoração <3
Sou jogadora fanática de Sims. Quando era miúda, além disso, também adorava jogar Age of Empires, SimCity, Age of Mithology e coisas desse género. Esse Palia parece ser algo que o meu eu já adulto gostaria também. Vais ter que me explicar como funciona isso do Steam. 👵🏼
Palia é maravilhoso. Por acaso ainda não o reinstalei desde que troquei de pc (o meu homem expulsou-me do desktop todo xpto dele e comprei um portátil xpto pra mim), mas em parte é porque estou à espera do lançamento de um outro jogo que promete roubar-me a vida lol: Starsand Island. Um jogo que promete a vibe casual de Palia com os gráficos de Genshin Impact. Mal. Posso. Esperar.
Também nunca me considerei gamer, mas sempre gostei de jogos. Só em adulta percebi que o conceito de "gamer" é inerentemente machista, porque só inclui videojogos mais jogados por homens/rapazes. O que não faz sentido. Um videojogo é um videojogo, e se jogas, és gamer. Mesmo que a única coisa que tu jogas seja os Sims. Quem discordar, que vá discordar para a cave dos pais.
Enfim, em adolescente o meu pai arranjou uma PS3 lá para casa e eu e a minha irmã passamo-nos. Foi Assassin's Creed, foi os jogos de carros e motas do meu pai, foi Resident Evil foi todas as demos que conseguimos arranjar na playstore.
Em adulta, fiquei-me por The Sims 4. Depois apareceu Genshin Impact, que passou a consumir a minha vida lol
SUPER. RECOMENDO.
Não é tão stress free como Palia. Porque em Palia não tens a componente da luta. Mas tens 50/50. Por um lado, o open world, a estética linda, os personagens giríssimos, o lore fabuloso, a história incrível (vieram-me lágrimas aos olhos quando terminei a história de Fonteine). Por outro, quando trabalhava em atendimento ao público, eu gostava de cehgar a casa e descarregar a tensão a destruir monstros. Win.-win.